sexta-feira, 27 de abril de 2007

Show aéreo encanta um milhão de cariocas

Aproximadamente um milhão de pessoas compareceram a Praia de Botafogo, Zona Sul do Rio, com os olhos vidrados no céu para não perder nenhuma das acrobacias dos pilotos que participam do Red Bull Air Race. O britânico Paul Bonhomme venceu a segunda etapa do Red Bull Air Race e fez história. Ele terminou o circuito com o tempo de 01:32:45 na final contra o espanhol Alejandro Maclean (01:36:53), confirmando o favoritismo que predominou desde as classificatórias. Uma multidão tomou conta da praia de Botafogo, do Aterro do Flamengo e do Morro da Urca - um público recorde para um evento esportivo no Brasil.
A corrida começou com meia hora de atraso. As janelas e varandas da orla ficaram lotadas. Em um shopping na Praia de Botafogo, os restaurantes que abriram suas mesas para reserva com vista privilegiada do evento garantiram a lotação esgotada em apenas 20 minutos. Quem ficou de fora, brigava por uma vaga no terraço.
A competição contou com 12 pilotos disputando quem percorre entre zigue-zagues e rodopios, os 1,4 km do circuito em menos tempo. Os aviões podem chegar a 400 km/h e a pressão sobre o corpo do piloto pode atingir dez vezes o peso do corpo do pilotoPara garantir a segurança, dois mil seguranças do evento e 350 policiais militares se espalharam pela orla de Botafogo. Quatro telões foram instalados ao longo da praia para ajudar o público a assistir ao espetáculo.

Assaltos e furtos à turistas aumentam no feriadão de São Jorge

O feriadão de São Jorge foi agitado na Zona Sul do Rio, principalmente para os turistas, que vieram de todas as partes do mundo, para apreciar a beleza dos dias ensolarados da cidade maravilhosa. Porém, o registro de 17 assaltos durante o feriado pode ter feito o encanto se acabar.
Segundo a Delegacia Especial de Atendimento ao Turista (Deat), o número foi alto. A unidade, que costuma receber em média quatro registros de roubos e furtos por dia, registrou 12 assaltos, somente na segunda-feira (dia 23). A maioria dos casos aconteceu na praia.
Um americano de 56 anos, que preferiu não se identificar, teve 700 dólares furtados, o equivalente a R$ 1.425, além de cartões de crédito e o passaporte. Ele estava na areia na Praia de Copacabana, em frente ao Othon Palace, onde está hospedado. "Foi tudo muito rápido. Um homem passou com guarda-sol perto de mim e levou a bolsa com as minhas coisas. Na hora, nem percebi", conta o turista. O turista disse ter sido orientado por funcionários do hotel a não andar nas ruas com grande quantidade de dinheiro e nem com o passaporte, mas preferiu diminuir o problema. "O Rio é uma cidade linda. Ela precisa pegar o exemplo de Nova York, onde vivo. Lá, acabamos com os assaltos a turistas", comenta.
As inglesas Suzana Brandon e Claire Hussey, ambas de 19 anos também foram vítimas de furto na praia. "Claire foi mergulhar e eu fiquei tomando sol. Um garoto pegou a minha bolsa e saiu correndo. Não tive reação", conta Suzana. Na bolsa, havia um celular e R$ 30. O mais triste é essa é a segunda vez que elas são assaltadas no Brasil. Em Florianópolis (SC), o prejuízo foi de R$ 200.
Recém chegados a cidade, os estudantes irlandeses Eirian Waters, 23 anos, e Kazunari, 28, deixaram a bagagem no hotel e saíram para passear. Com menos de duas horas na cidade, eles foram roubados próximo ao Shopping Rio Sul, em Botafogo. Três homens com uma faca os renderam e levaram R$ 300 e uma câmera digital. "Estava sentindo aquele deslumbramento de quem chega com a beleza do Rio. E infelizmente acontece isso", diz Eirian, que não pretende antecipar sua volta. "Vou ficar até a próxima segunda. Já soube que vai haver um grande jogo no Maracanã domingo. Não posso perder, mas vou ficar mais atento", ressalta o estudante.
Os cariocas, povo tão acalorado, sempre estão de braços abertos para receber os turistas. Eles trazem investimentos e divulgam a cidade lá fora. Só esperamos que os desrespeitos aos turistas na cidade não ofusquem o brilho que o Rio de Janeiro possui.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Mais uma tragédia em família

"Já enterrei uma filha, e agora, um irmão. O que vai ser da minha vida?". Esse foi o desabafo da diarista Edna Ezequiel, que há um mês perdeu a filha Alana, de 12 anos, vítima fatal de uma bala perdida, no Morro dos Macacos. Agora foi a vez do tio da menina ter a vida interrompida por causa da violência no Rio de Janeiro.
Hélio José da Silva Henrique, 25 anos, era office-boy. Ele foi assassinado com três tiros. A polícia suspeita que a morte tenha sido uma vingança. Irmão de Hélio, o segurança José de Assis da Silva, 47 anos, porém, levantou hipótese de participação de policiais no crime. "Os assassinos estavam de máscara. E quem normalmente cobre rosto é polícia", atacou José. Sobre os motivos do crime, o motorista soltou o verbo, sem medo. "Não posso afirmar nada, mas Edna dava muitas entrevistas e o Hélio pressionou por respostas sobre a Alana. Ia avisá-lo para parar, mas não deu tempo", comenta o segurança, afirmando achar estranha a versão de que Hélio tenha sido morto por traficantes do Morro São João, que naquele dia teriam trocado tiros com rivais do Morro dos Macacos.
A polícia ainda não soube informar se a morte de Hélio foi por bala perdida ou execução, nem se o rapaz teria ligação com traficantes. Segundo o comandante do 6º Batalhão, na Tijuca, Roberto Alves de Lima, as primeiras informações seriam de que Hélio não moraria mais no morro e só teria ido à casa dos familiares para comunicar o nascimento de sua filha.
Durante o enterro de Hélio, a diarista Edna trouxe de volta o rosto triste, amargurado e sem esperança. "A gente não tem mais paz. O morro está em guerra", disse ela muito abalada.

sábado, 7 de abril de 2007

O Cristo é uma maravilha

Continua com força total a campanha para eleger o Cristo Redentor como um das Sete Maravilhas do Mundo. O maior monumento carioca e mais conhecido símbolo do Brasil está entre 21 finalistas. Os organizadores da campanha "Vote no Cristo. Ele é uma Maravilha!” estimam que sejam necessários 10 milhões de votos para dar o título ao monumento.
A concorrência é acirrada. À frente da disputa estão Coliseu (Roma), Muralha da China, Machu Pichu (Peru), Taj Mahal (Índia), Moais (estátuas da Ilha de Páscoa, Chile), Pirâmides do Egito, Acrópolis (Grécia), Alhambra (Espanha), Chichen Itza (México), Hagia Sophia (Turquia), Torre Eiffel (França), Estátua da Liberdade (EUA), Ópera de Sidney (Austrália), Stonehenge (Inglaterra) e Petra (Jordânia).
Segundo o secretário-executivo da campanha Sávio Neves, o Cristo só depende de uma mobilização nacional para conseguir se eleger, e fazer parte dessa tão sonhada lista. "É uma oportunidade única e vitalícia. Só depende do nosso engajamento. O Corcovado é orgulho nacional e pertence aos brasileiros. Queremos o privilégio de usar esse título", afirmou Sávio.
O arcebispo da cidade, Dom Eusébio Scheidt também se mostrou animado coma a candidatura. "Cristo nos elegeu primeiro e agora é hora de nós, cariocas e brasileiros, elegermos o Redentor como a primeira e grande maravilha do mundo. Aqui já é um santuário e é também a cara do Brasil", declarou o cardeal.
O concurso tem parceria com a UNESCO e tem como objetivo despertar o interesse mundial por ícones históricos e culturais e sua preservação. Além de atrair mais turistas, os monumentos que serão escolhidos vão ganhar uma verba anual para a sua manutenção. Das sete maravilhas antigas, todas construídas entre 2.500 e 200 antes de Cristo, só as Pirâmides do Egito resistiram à ação do tempo e dos homens.
O resultado do novo concurso será divulgado no dia 7 de julho, em Lisboa, Portugal.

Empresas aderem a campanha
Nesta reta final, empresas, órgãos públicos, turistas e cariocas estão abraçando a campanha. A estratégia é levar as urnas para locais onde haja grande concentração de pessoas, como os shoppings Nova América,Barrashopping e Norte Shopping. A Rodoviária Novo Rio também entrou na campanha, e instalou um terminal de votação no setor de embarque, por onde circulam diariamente 150 mil pessoas. Também é possível votar no Mercadão de Madureira. A Cedae imprimiu a logomarca da campanha e os sites para votação nos contracheques dos seus 7.500 funcionários e nas contas de água entregues a 1,5 milhão de clientes da concessionária, com pedidos de voto para o Corcovado. A Bradesco Seguros lançou a campanha em seu site e vem fazendo divulgação em jornais de grande circulação. A Prefeitura do Rio também aderiu ao movimento, divulgando a candidatura oficial nos contracheques dos servidores do município.
Nas próximas semanas, serão instalados novos terminais para votação nos aeroportos do Galeão e Santos Dumont. Segundo os organizadores, a Infraero pretende levar a campanha para 34 aeroportos do País.

Como votar
A votação é feita pelo site oficial
www.n7w.com. Para facilitar a vida dos brasileiros, a campanha "Vote no Cristo. Ele é uma Maravilha" criou site em português:
www.corcovado.com.br. Para votar, é necessário preencher um cadastro com os dados pessoais. Ao término do preenchimento, uma mensagem informará que o internauta precisa confirmar o registro no e-mail cadastrado. A mensagem será enviada automaticamente. Recebido o e-mail, basta clicar no link da mensagem para iniciar a votação. Uma nova página será aberta com todos os candidatos às novas Sete Maravilhas do Mundo. É preciso escolher sete opções. Para votar mais de uma vez deve-se fechar o navegador e fornecer outro e-mail.

Vitória contra a violência

A palavra "impossível" não faz mais parte do dicionário da universitária Camila Magalhães Lima Mutzenbecher, 21 anos. Ela já tem sensibilidade nas pernas depois de ser submetida a mais uma cirurgia, em Portugal. A jovem ficou tetraplégica aos 12 anos, quando foi atingida por uma bala perdida em Vila Isabel.
Já faz seis meses que Camila voltou de Portugal. Lá, ela passou por uma cirurgia de transplante de células-tronco, e hoje, já nota sensibilidade nas pernas. A notícia foi recebida com festa pela família da jovem, que retomou o sonho de voltar a andar. "Chega a ser difícil descrever o que estou sentindo. Depois da cirurgia, passei a perceber coisas que até pouco tempo atrás não percebia. Outro dia mesmo senti uma dor no joelho que nunca senti antes. É como se estivesse com uma percepção maior do meu corpo", afirma Camila.
Durante a semana, Camila participou de uma sessão intensa de fisioterapia. Auxiliada por um andador e por um imobilizador de joelhos, ela voltou a tentar alguns passos. Segundo a fisioterapeuta Adriana Dias, que está com Camila desde janeiro, os exercícios
ajudam o cérebro da estudante a recuperar a memória motora.
"Pela extensão da área lesionada, não era para Camila fazer certos movimentos nos bíceps, tríceps, punhos e dedos. Mesmo assim, ela é capaz de se vestir sozinha, de usar o computador e até já tirou carteira de motorista. Acredito muito no potencial de recuperação da Camila", comenta a fisioterapeuta, otimista com o sucesso do tratamento.
A mãe de Camila, a aposentada Ana Lúcia Magalhães Lima, 58 anos, continua brigando na Justiça pelo pagamento da indenização a que a filha tem direito. Em setembro, Camila só conseguiu viajar para Portugal graças à solidariedade de um comerciante português, que emprestou 35 mil euros, o equivalente a R$ 90 mil.
"As autoridades precisam entender que não quero o dinheiro para comprar roupas caras ou passear no
exterior. Só tenho três anos para quitar a dívida que fiz para a minha filha fazer a cirurgia. A Justiça tem que prender o ladrão, mas também socorrer a vítima. O ladrão já foi solto, mas minha filha continua presa a uma cadeira de rodas", desabafa Ana Lúcia, que ganha R$ 1.700 mensais de aposentadoria.
Mas a luta de Camila e de sua família não estão próximos do fim. O novo desafio é comprar o Sygen, um remédio que ajuda na regeneração das células-tronco na área lesionada. O problema é que cada ampola custa cerca de R$ 180 e Camila precisa tomar, no mínimo, 60 doses.
"Vivo com pires na mão. Quando um empresta daqui, corro para pagar a quem devo dali e assim por diante. Só em despesas com a Camila, gasto R$ 3 mil por mês. Só não faço mais porque não posso", lamenta a mãe de Camila.
Ana Lúcia abriu uma conta no Bradesco (agência 2796-0, C/P 3783-4) para ajudar no tratamento da filha.

domingo, 1 de abril de 2007

Reunião inédita entre PM e líderes comunitários deixa o prefeito irritado

Pela primeira vez, comunidades pobres assumiram o papel de interlocutores da população. Essa semana, representantes e moradores de cerca de 30 favelas, entregaram ao comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan Ângelo, um manifesto contra a violência. Eles também apresentaram uma proposta de cessar-fogo nas comunidades. O encontro foi criticado pelo prefeito da cidade César Maia, que chamou a ONG Viva Rio de “uma das coisas mais perniciosas que aconteceram no Rio em matéria de segurança pública”.
No manifesto, consta a proposta de líderes comunitários que comprometerem a entrar em contato com os traficantes e de admitirem se relacionar com eles. Após ouvir a leitura do texto, coronel Ubiratan Ângelo disse ter gostado do que ouviu, mas achou pouco provável que a proposta de cessar-fogo tenha eficácia imediata.
O coronel pediu ajuda da ONG Viva Rio, para que Rubem César Fernandes, diretor-executivo da ONG, possa acompanhá-lo nessa metodologia para juntos buscarem uma solução. Fernandes propôs um fórum para que os moradores exponham as dúvidas e a polícia as esclareça. Na reunião, o representante do Viva Rio, enfatizou ainda, a coragem e a ousadia dos moradores em assumir o risco de enfrentar os traficantes pedindo que não dêem o primeiro tiro.
Outra questão cobrada foi o emprego. Líderes afirmaram que os criminosos entram para o tráfico por falta de oportunidade. "Agora, boca de fumo virou empresa", disse o presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro, a Faferj, José Nerson. Sandra Miguel Nogueira, representante da comunidade da Serrinha, também se manifestou. "Estamos impotentes, não conseguimos direcionar as crianças que morrem na maioria das vezes entre sete e quatorze anos", declarou.


Duras críticas ao Viva Rio e a PM
A reunião ocorreu debaixo de muitas críticas do Prefeito do Rio César Maia. Para ele, a ação do tráfico se combate com forte repressão da polícia e a iniciativa do movimento de evitar incursões prejudica o trabalho de combate à violência. “O Viva Rio tem feito isso através dos anos e o resultado só piora a situação. É uma das coisas mais perniciosas que aconteceram no Rio em matéria de segurança pública. Tenho certeza de que seus integrantes são pessoas qualificadas, de bem, mas completamente equivocadas. O que eles propõem sempre fortalece o tráfico de drogas e não a paz”, declarou em alto e bom som, o prefeito.
Nem a Polícia Militar foi poupada. “O GPAE (Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais, que faz patrulhamento comunitário) é uma espécie de comando de proteção à boca-de-fumo", disse o prefeito, insinuando que os PMs fazem vista grossa aos traficantes.
A PM e o coordenador do Viva Rio, Rubem César Fernandes, não quiseram se manifestar sobre os comentários.