domingo, 1 de abril de 2007

Reunião inédita entre PM e líderes comunitários deixa o prefeito irritado

Pela primeira vez, comunidades pobres assumiram o papel de interlocutores da população. Essa semana, representantes e moradores de cerca de 30 favelas, entregaram ao comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ubiratan Ângelo, um manifesto contra a violência. Eles também apresentaram uma proposta de cessar-fogo nas comunidades. O encontro foi criticado pelo prefeito da cidade César Maia, que chamou a ONG Viva Rio de “uma das coisas mais perniciosas que aconteceram no Rio em matéria de segurança pública”.
No manifesto, consta a proposta de líderes comunitários que comprometerem a entrar em contato com os traficantes e de admitirem se relacionar com eles. Após ouvir a leitura do texto, coronel Ubiratan Ângelo disse ter gostado do que ouviu, mas achou pouco provável que a proposta de cessar-fogo tenha eficácia imediata.
O coronel pediu ajuda da ONG Viva Rio, para que Rubem César Fernandes, diretor-executivo da ONG, possa acompanhá-lo nessa metodologia para juntos buscarem uma solução. Fernandes propôs um fórum para que os moradores exponham as dúvidas e a polícia as esclareça. Na reunião, o representante do Viva Rio, enfatizou ainda, a coragem e a ousadia dos moradores em assumir o risco de enfrentar os traficantes pedindo que não dêem o primeiro tiro.
Outra questão cobrada foi o emprego. Líderes afirmaram que os criminosos entram para o tráfico por falta de oportunidade. "Agora, boca de fumo virou empresa", disse o presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro, a Faferj, José Nerson. Sandra Miguel Nogueira, representante da comunidade da Serrinha, também se manifestou. "Estamos impotentes, não conseguimos direcionar as crianças que morrem na maioria das vezes entre sete e quatorze anos", declarou.


Duras críticas ao Viva Rio e a PM
A reunião ocorreu debaixo de muitas críticas do Prefeito do Rio César Maia. Para ele, a ação do tráfico se combate com forte repressão da polícia e a iniciativa do movimento de evitar incursões prejudica o trabalho de combate à violência. “O Viva Rio tem feito isso através dos anos e o resultado só piora a situação. É uma das coisas mais perniciosas que aconteceram no Rio em matéria de segurança pública. Tenho certeza de que seus integrantes são pessoas qualificadas, de bem, mas completamente equivocadas. O que eles propõem sempre fortalece o tráfico de drogas e não a paz”, declarou em alto e bom som, o prefeito.
Nem a Polícia Militar foi poupada. “O GPAE (Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais, que faz patrulhamento comunitário) é uma espécie de comando de proteção à boca-de-fumo", disse o prefeito, insinuando que os PMs fazem vista grossa aos traficantes.
A PM e o coordenador do Viva Rio, Rubem César Fernandes, não quiseram se manifestar sobre os comentários.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que nesse caso o prefeito tem razão. Os líderes comunitários tem, no mínimo, autorização dos traficantes para atuar.
Nessa reunião eles querem o cessar fogo por parte da polícia.O resultado vai ser o liberar geral para o tráfico.

Se não fosse uma reunião benéfica para o tráfico as lideranças nem poderiam voltar para suas casas.

Vcs acham que eles não tem que avisar aos traficantes que vão se encontrar com a polícia?