quinta-feira, 10 de maio de 2007

Legalize já: passeata gera opiniões divergentes

A Marcha da Maconha no Arpoador reuniu cerca de 200 manifestantes, entre usuários e pessoas favoráveis à discriminalização. Faixas, cartazes, incensos, gritos de guerra e palavras de ordem como "Tem que liberar a maconha para fumar", marcaram a passeata.
Os organizadores proibiram as pessoas de consumirem maconha durante a marcha, mas muitas pessoas não respeitaram, e fumaram a droga sem repressão policial. Os policiais estavam à paisana e vigiaram a passeata de longe.
Quem preferiu não se expor, usou máscaras de pessoas públicas que defendem a legalização, como o governador Sérgio Cabral, o deputado federal Fernando Gabeira (PV) e o cantor Marcelo D2.

A Marcha da Maconha rachou a cidade ao meio e dividiu a opinião dos cariocas. A cantora Lucília Perrone, de 29 anos, disse ter o "direito de mostrar o rosto", e não usou máscaras. Ela contou que fuma maconha há um ano, e se sente mal em ter que comprar a droga com traficantes. "Até evito fumar para não alimentar a violência. Com a legalização, o Estado vai poder arrecadar imposto" justificou.
O Secretário estadual de Ambiente e conhecido defensor de políticas públicas de descriminalização das drogas, Carlos Minc disse que foi à passeata como cidadão. "Os traficantes de drogas estão cada vez mais fortes, e a legalização é uma opção para diminuir esse poder paralelo. Não se pode responsabilizar o consumidor pelo que acontece na criminalidade", afirma.


No que se refere ao incentivo do consumo, o assessor parlamentar da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), José Mynssen Moraes, 65, discorda radicalmente de quem é contra o uso da droga. "Todos meus filhos tiveram oportunidade de fumar maconha. Fumar um baseado e ir namorar é melhor. Traz equilíbrio emocional", defende Moraes, que se gaba de ter fumado maconha pela primeira vez no Morro da Mangueira, em 1962.


Passeata foi denunciada ao MP
Apesar do entusiasmo dos manifestantes, a marcha desagradou a muitas pessoas, e teve também a presença de opositores. O prior do apostolado da Opus Christi, João Carlos Costa, disse ter denunciado ao Ministério Público Estadual a passeata. Segundo ele, a apologia ao crime não pode ser tolerada num local público freqüentado por crianças e distribuiu panfletos contra a manifestação.

Moradora de Ipanema, a aposentada Neusa Guimarães, de 75 anos, também foi contra à marcha com medo da insegurança. "A legalização incentiva os jovens a ficarem viciados", argumentou a aposentada.

Marcha da Maconha tem apoio de ONGs que são a favor da legalização da droga
O coordenador da ONG Psicotropicus, Luiz Paulo Guanabara, um dos organizadores, afirma que o objetivo do protesto não é fazer apologia das drogas. "Não será permitido aos participantes levar maconha. Defendo o direito das pessoas de fazerem uso da droga. A proibição estimula a violência", diz.

Autoridades divergem sobre o assunto
A assessoria do Palácio Guanabara informou que considera a marcha uma manifestação democrática e não vê empecilho para o uso da imagem do governador. A Secretaria de Segurança Pública alerta, porém, que junto às máscaras não pode haver cigarros nem referências ofensivas.

O especialista em segurança Ignácio Cano é a favor da legalização das drogas como forma de combate à violência. "A proibição é um erro da nossa civilização que só gera violência e corrupção. Droga é questão de saúde pública", argumenta.
Já o prefeito César Maia, que é contra a legalização do comércio das drogas, acredita que a medida só aumentaria a criminalidade.
No Congresso, não tramita qualquer projeto sobre o tema.

Vídeo que mostra os bastidores da Marcha da Maconha

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